segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

SERÁ PRECISO REZAR HOJE?

Será preciso rezar?
Há meio século atrás, as pessoas tinham tempo para tudo, até para rezar. De manhã, ao levantarem-se, as crianças e adultos benziam-se e rezavam ao seu Anjo da Guarda.
Um a um, todos saíam de casa a fazer a oferta do seu dia ao Senhor.
Era a bênção que se pedia a Deus logo de manhã. À noite, como que numa acção de graças, toda a família se reunia à volta da mesa ou à lareira para rezar o “Terço”. No fim desta oração, os filhos, tanto as crianças como os adultos, pediam a bênção ao pai e à mãe, aos avós e aos tios, se algum estivesse presente. Era assim a vida na família, base da sociedade.

A sociedade identificava-se com a família. A família rezava, logo a sociedade rezava. E rezava-se também nas igrejas. Rezava a igreja toda. Hoje já não é assim. Deixou de haver família a rezar. Também a sociedade não reza. E a igreja... será que reza? Se atendermos ao que é sua missão e seu dever, podemos dizer que a igreja também não reza, a começar pelos padres nas suas igrejas, os quais com tantas tarefas, tanto que reunir, tanto que ensinar, tanto que cantar... não têm tempo para rezar. É certo que a cantar se reza duas vezes e também se pode rezar com a vida. Mas... porque rezou tanto Jesus, Ele que teve uma vida toda Oração?

Será preciso rezar hoje?
Se olharmos bem para Jesus, concluímos que sim. Se olharmos para Jesus com olhos de ver, concluímos que, para bem cantar e rezar algo com a vida, é indispensável dar lugar à oração, ao diálogo com Deus. Na oração, o sonho de Deus realiza-se. E o sonho de Deus leva por diante os nossos sonhos da vida e acção que o Evangelho propõe. Jesus está conosco neste caminho de vida reconciliada com a Criação que Ele restaurou. O nosso pecado é perdoado e o nosso tempo acrescido da Graça que não tem contornos. O nosso tempo faz-se eterno.

É errado dizermos que não temos tempo. Temos tempo para tudo que é agradável a Deus. Só não devíamos ter tempo para o mal, porque este não agrada a Deus. Acontece que o mal que existe em todos nós rouba-nos tempo. E também tira o tempo de oração. É preciso “vigiar” para não deixar fugir o tempo.
Com o tempo que foge, fogem muitas coisas boas que a vida tem para nos oferecer, nas inúmeras oportunidades que Deus nos dá para enchermos a nossa vida de beleza e grandeza da nossa identidade de filhos de Deus, identificados com Jesus, o orante por excelência. Jesus está em toda a oração e é na oração que melhor nos configuramos com Ele.

Será preciso rezar hoje?
Parece que neste nosso tempo, com etapas tão absurdas e tão confusas, o que faz mais falta é dar prioridade à oração. É sempre a rezar que estamos mais certos. E é na oração que melhor deixamos passar a imagem e semelhança de Deus que trazemos conosco, não para ser asfixiada dentro de nós, mas para cantar e sorrir para o mundo, em tom de alegria e esperança.
Autora: Margarida Rosa Vieira,
Transcrito por Anokas
Abraço e até breve!
Anokas

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