terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A ORAÇÃO

Carta sobre a Oração (1ª parte)
A Eucaristia e a Beleza de Deus, Bruno Forte

Perguntas-me: porque é que eu devo rezar?
Respondo: para poderes viver.

Sim: para vivermos de verdade, temos de rezar. Porquê? Porque viver é amar. Uma vida sem amor não é vida. É uma solidão vazia, é prisão e tristeza. Só vive verdadeiramente quem ama. E só ama quem se sente amado, alcançado e transformado pelo amor. Como a planta que não faz desabrochar o seu fruto se não é banhada pelos raios do sol, assim o coração humano não se abre para a vida verdadeira e plena se não é tocado pelo amor. Ora, o amor nasce do encontro e vive do encontro com o amor de Deus, o maior e mais verdadeiro de todos os amores possíveis; melhor, o amor que ultrapassa todas as nossas definições e todas as nossas possibilidades. Rezando, deixamo-nos amar por Deus e nascemos para o amor, sempre de novo. Por isso, quem reza vive no tempo e para a eternidade. E quem não reza? Quem não reza corre o risco de morrer por dentro, porque lhe vão faltar, antes ou depois, o ar para respirar, o calor para viver, a luz para ver, o alimento para crescer e a alegria para dar sentido à vida.

Dizes-me: mas eu não sei rezar E perguntas-me: como devo rezar? Respondo-te: começa por dar um pouco de tempo a Deus. No começo, o importante não será que esse tempo seja muito, mas que Lho dês fielmente. Fixa tu mesmo o tempo que queres dar ao Senhor, e dá-Lho fielmente, quando te apetece e quando não te apetece. Procura um lugar tranquilo, onde porventura haja um sinal qualquer que te recorde a presença de Deus (um crucifixo, um quadro, a Bíblia, o sacrário com a Presença eucarística...). Recolhe-te em silêncio, invoca o Espírito Santo para que seja Ele a gritar em ti: “Abbá, Pai!”. Entrega o teu coração a Deus, mesmo se está desassossegado: não tenhas receio de Lhe dizer tudo, não só as tuas dificuldades e o teu sofrimento, o teu pecado e a tua incredulidade, mas também a tua revolta e o teu protesto, se os sentes dentro de ti.

Coloca tudo isto nas mãos de Deus: lembra-te que Deus é Pai-Mãe no amor, que tudo acolhe, tudo perdoa, tudo ilumina, tudo salva. Escuta o Seu Silêncio. Não pretendas ter logo respostas. Persevera. Como o Profeta Elias, caminha no deserto em direcção ao monte de Deus e, quando estiveres perto d’Ele, não O procures no vento, no terramoto ou no fogo, em sinais de força ou de grandeza, mas na voz do silêncio subtil (1Rm 19, 12). Não pretendas agarrar a Deus, mas deixa que Ele passe na tua vida e no teu coração, te toque a alma e Se deixe contemplar por ti, mesmo só de costas. (Continua)
Até breve e um abraço da
Golfer

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