terça-feira, 15 de janeiro de 2008

A ORAÇÃO

CARTA SOBRE A ORAÇÃO (3ª Parte, Cont.)
A Eucaristia e a Beleza de Deus, Bruno Forte
Fica sabendo, no entanto, que em tudo isto não faltarão dificuldades: por vezes, não conseguirás fazer calar o barulho que há ao teu redor e em ti; por vezes, sentirás a fadiga ou mesmo a má vontade de te pores em oração; outras vezes, a tua sensibilidade reagirá, e qualquer acção parecer-te-á preferível a ficares em oração diante de Deus, considerado tempo “perdido”. Sentirás, enfim, as tentações do Maligno, que procurará, de todas as maneiras separar-te do Senhor, afastando-te da oração. Não tenhas receio: essas mesmas provas que tu vives, experimentaram-nas os Santos antes de ti, e amiúde muito mais difíceis que as tuas. Quanto a ti, continua a ter fé. Persevera, resiste e lembra-te de que a única coisa de que podemos verdadeiramente dar a Deus é a prova da nossa fidelidade. Com a tua perseverança salvarás a tua oração e a tua vida.

Virá a hora da “noite escura” em que tudo te parecerá árido e até absurdo nas coisas de Deus. Não receies. É essa a hora em que a lutar contigo está o próprio Deus: Ele apaga em ti todos os pecados, com a Confissão humilde e sincera das tuas culpas e o perdão sacramental; oferece a Deus mais ainda o teu tempo e deixa que a noite dos sentidos e do espírito se torne para ti a hora da participação na Paixão do Senhor. Nessa altura será Jesus a levar a tua cruz e a conduzir-te Consigo até à glória da Páscoa. Não te admirarás, então, se considerares deliciosa essa noite, porque a verás transformada para ti em noite de amor, inundada pela alegria da presença do Amado, repleta do perfume de Cristo, clareada com a luz da Páscoa.

Não tenhas receio, então, das provas e das dificuldades na oração: recorda somente que Deus é fiel e nunca te dará uma prova sem que te ofereça uma saída, e jamais te exporá a uma tentação sem que te dê a força para a suportares e venceres. Deixa-te amar por Deus: como uma gota de água que se evapora sob os raios do sol e sobe ao alto e regressa à terra como chuva fecunda ou orvalho consolador, assim deixa que todo o teu ser seja trabalhado por Deus, plasmado pelo amor das Três Pessoas divinas, absorto nelas e restituído à História como dom fecundo. Deixa que a oração faça crescer em ti a liberdade de todos os medos, a coragem e a audácia do amor, a fidelidade às pessoas que Deus te confiou e às situaçôes em que te meteste, sem procurar evasões ou consolações fáceis. Aprende, rezando, a viver a paciência de esperar os tempos de Deus, que não são os nossos tempos, e a seguir os caminhos de Deus, que tão frequentemente não são os nossos caminhos. (Continua)

Um beijo da Golfer

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